25 de setembro de 2021

 Esses dias a primavera começou e eu senti cá dentro. Coisas que pareciam estar soterradas por quilos e quilos de granizo germinaram de repente, para todo o desespero do meu controle. Aí é quando o erro bate à porta e a gente fecha a porta na cara do erro, fingindo que não há ninguém ali. Aprendi esses dias uma coisa que Matilde Campilho já havia me dito: o erro sempre fez muito por mim. Errar e aceitar o erro deve ser o paraíso, eu não sei errar ainda, nem aceitar o erro, é uma verdade dura. Mas, quando errei, mesmo sem saber como, o erro fez muito por mim quando os anos atrasaram o meu cronograma e empurraram para as datas do destino as minhas datas. Tudo é quando tem que ser, parece uma verdade religiosa até... no fundo, eu sou uma crente. Mas digo que as coisas são quando são porque não há remédio que as modifique quando elas finalmente são feitas. Demoram o quanto querem, sobra para mim continuar trabalhando e marcando datas no calendário e fazendo contas. Esses dias aprendi trigonometria, agora sei transformar ângulos em radianos, o que para mim é uma alquimia severa, ainda mais no alto dos meus vinte e seis anos, mais para vinte e sete, quando o cérebro já não é mais o mesmo. Mas deve ter sido por não ser mais o mesmo cérebro que tirou zero em Trigonometria no Ensino Médio que, com a calma dos anos, ele deixou-se aprender para ensinar, que é a graça que ele vê nas coisas. Sabê-las para passá-las, sou assim e nada a fazer sobre isso. Assusto-me um pouco como posso ser esta que aprende com humildade e também posso ser alguém terrivelmente intempestiva, não sei, não sei, leitor... Talvez eu deva viver demais a ideia das estações dentro de mim, mais trabalho de carpintaria interna para a tarefa de casa, a resposta é sempre seguir, como der. Seguir arrumando os cantos e firmando as paredes, enfeitando os móveis. Seguir, parando para descansar e tomar sol, mas não ficar jamais, seguir para que seguir seja o movimento de repouso. Como diz minha vó, com toda a sabedoria de vós do mundo: para frente é que se anda.

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